quinta-feira, 14 de maio de 2015

Mãe


(1010)
Mãe!
Você foi tão cedo!
O que o mundo fez
contra você?
Você era frágil
tão sofrida, já
quando se casou
e a vida em si,
(que já a conheço),
dura, como pedra,
dói bem  na cabeça
e na alma.
Mãe!
Nem é bom falar
falo como a alma irmã.
Hoje, sei bem disso;
hoje já sou mãe
posso até pensar,
o que se passou,
sua cruz pesou,
pesou até demais;
você sucumbiu
preferiu a paz.
Alina Castelo Branco 
(10/05/1979)


Noite...


(1011)
Quando a noite vem
e com ela o véu
da escuridão
trazendo saudades
dos caminhos longos
por onde se passou
e o sol se esconde
lógico cansado,
para descansar
pois no outro dia
queira ou não queira
ele vai voltar.
Quando a noite vem
tão silenciosa
com seu manto negro
preso às suas costas
se aproximando lenta,
muito lenta
sobre todos nós
há uma sensação
de melancolia
total abandono
falta de alegria.
Nas horas altas
dessas horas, enfim,
quando a noite é densa
e a escuridão
ganha espessura
vem se aproximando
a nossa amargura
pois a luz do sol
não a deixa vir;
só vem a tristeza
quando a nostalgia
começa a cair.
Alina Castelo Branco 
(10/05/1979) 



Cabelos Brancos


(1013)
Cabelos brancos
não é velhice.
Não entendo disso
pois o que vejo
em várias cabeças
jovens, velhas
são fios prateados
descendo pela testa
dando um ar senhoril
muito respeitável;
cabelos brancos
fios prateados
representam vida
em todos os lances;
vidas que balançam
mas nem sempre caiem
vidas talvez cheias
de preocupações
envolvendo sempre
nossos corações.
Alina Castelo Branco
(10/05/1979)



Lembranças


(1015)
Lembranças ternas,
boas, queridas,
lindas lembranças
que nos vem a mente
sem nem mesmo a gente
querer se lembrar,
são raios de luz
e de esperanças
invadindo a alma
clareando tudo
nos trazendo calma,
pois é tão gostoso
a gente lembrar
dos anos felizes
de quando menina
ia ver o mar
sentar na areia
com ela brincar
fazendo castelos
que depois caíam
e pro mar voltavam.
É tão bom lembrar!
Dá a volta por cima,
por cima do mar,
que é um outro mundo
tão desconhecido
como o infinito
que talvez um dia
possamos achar
e de lá, distante,
olhando a terra
todo o universo
de ponta  a ponta
possamos ver
o que tem dentro
do imenso mar
e o que flutua
nessas ondas verdes
e poder olhar
pra mãe Iemanjá
e de lá, quem sabe
lembrar que um dia
quis tanto ver
essa mãe querida
mas não tinha como
e nem sabia como
deveria agir;
tinha que galgar
todo o infinito
pra ver Deus um dia
pra ver os Santos
tudo, tudo isso
com os olhos d’alma
numa atmosfera
rósea, muito calma.
Se estamos lá
lembramos de lá
de todo um passado
que ficou pra trás
e vezes queremos
sem nem entender
continuar agindo
como, se o passado
ainda existisse
mesmo que tivesse
sido muito ruim;
É a vibração
do tempo girando
em velocidade
que nos traz lembranças
sempre, do passado
e essas vibrações
levam ao futuro
que não tarda a vir.
Quanta coisa Deus
que o ser humano
tenta descobrir! 
Alina Castelo Branco
(17/05/1979)



Os Animais


(1018)
Lembrando Kiler
lindo cachorro
que um dia criei
em minha casa
tão pequenino,
marrom e branco,
muito rebelde,
e engraçado,
sinto saudades
daqueles dias
tumultuados.
Não nego, não;
Kiler me dava
muito trabalho
mas foram dias
pra lá de bons.
Hoje o vejo
grande e levado,
continuando
rebelde e bravo
mas um amor
de animal
sempre amoroso
sempre amigo
não esquecendo
donos antigos.
Isso é sinal
de que valeu
tanto trabalho
tanta confusão
pois ganhamos mais
Um coração.
- Os animais
amam também?
- Creio que sim
com mais ardor
e fidelidade
talvez quem sabe
conhecem melhor
a felicidade.
Alina Castelo Branco
(21/05/1979)

Saudade


(1020)
Saudade é coisa
que a gente tem
mesmo sem querer
sem ter um bem;
por que pensar
que ter saudade
quer logo dizer
que sabe amar
ou que outrora
teve um amor?
Saudade é coisa
que às vezes dói
faz sentir dor
e amor gente,
é algo assim
puro, sublime
desde o começo
até o fim.
Saudade então
o que é, que é?
é uma lembrança
que fez seu ninho
dentro da gente
tão escondido
lá nos confins
desse labirinto
que é o nosso ser;
rói de mansinho
tudo lá dentro
promove então
nosso sofrer.
Alina Castelo Branco
(11/06/1972)



Filho Ingrato


(1024)
Por que você
filho ingrato
é tão ruim?
já esqueceu
tudo de bom
que recebeu
de sua mãe,
todo o carinho
toda ajuda
e compreensão?
Filho ingrato
não seja assim:
o céu treme
com a maldade
e ingratidão
do filho errado
e sem coração.
Se você quer
ver Deus um dia
seja bom filho
toda uma vida
pois viva você
cem anos, sim
nunca pagará
à sua mãe
o que recebeu
você é sempre
o devedor;
não crie lágrimas
e nem provoque dor!
Alina Castelo Branco 
(16/07/1979)


Tempestades


(1025)
Nuvens pesadas
já estão passando;
já sinto isso
dentro de mim
e ao meu redor.
Nuvens escuras
que trouxeram outrora
longas tempestades
deixaram marcas
grandes buracos
muita derrubada;
balançou gente
por todos os lados;
sacudiu mentes
e muitos corações;
virou consciência
que hoje já pedem
perdão e clemência;
mas a chuva fina
continua a cair
continua encharcando
molhando tudo
até que perdure
o ódio ruim
no coração dos meus
que por serem duros
provocam tempestades
provocam ira
e o rancor de Deus.
- E Deus castiga?
- Castiga, sim.
Os encrues os impuros
desde os séculos e de
muito tempo atrás
até os dias nossos de hoje
e enquanto os homens,
como os filhos meus
não respeitarem
as leis divinas
a bancarem os tais
perante aquilo
que nem conhecem
e que não sabem
o que está pra vir;
enquanto os homens
continuarem errando
enganando a todos
espalhando ódio
raiva e rancores
haverá no mundo
muito sofrimento
lágrimas, desenganos
tristezas e dores.
Alina Castelo Branco 
(15/07/1979)