domingo, 5 de outubro de 2014

Desprezo


(608)
Às vezes fico cismando
e olhando para o meu pranto 
eu fico me perguntando 
será que odeio tanto? 

Seria muita baixeza 
sendo eu, uma criatura 
que admiro a beleza 
de uma alma tão pura. 

Será que o odeio, realmente,
ou será que nunca houve 
ódio nunca, certamente; 

tudo o que penso, eu escrevo 
nunca lhe dediquei ódio 
e sim um grande desprezo!
Alina Castelo Branco 
(15/09/1976)


O que falta?


(607)
Falta alguma coisa na humanidade
que preocupa toda a medicina
e também toda autoridade
isso está certo, isso será uma sina?

Não existe mais a felicidade
só doenças, traumas, confusão
de quem é a culpa de tudo isso
logicamente, é de cada irmão.

Quando nos falta amor no coração
falta o respeito, a sinceridade
responsabilidade e compreensão;

o que se constrói afinal na terra
não é paz nem tão pouco a união
e sim, a destruição, enfim a guerra.
Alina Castelo Branco 
(13/09/1976) 


Parar?


(80)
Não se pode parar, a vida é luta
e essa luta é que nos faz vibrar
que nos dar força pra vencer tudo
e seguir em frente, continuar!

Sofremos muito, não posso negar
mas o sofrimento, é aquela escada
que nos ajuda, sempre, a purificar
e nos conduz ao topo da escalada.

Porque sem ele, nós não saberíamos
diferenciar a dor, da alegria
e sendo assim, nós não lutaríamos.

Por que damos valor à felicidade?
Porque conhecemos a tristeza,
toda a dor e toda a maldade.
Alina Castelo Branco 
(13/09/1976) 




Terapia


(79)
Todo universo
vive preocupado
em querer salvar
o homem angustiado;
cria-se ciências
e mil terapias
quando só na vida
o homem precisa
encontrar Deus
pelo seu caminho
pra poder ter paz
e muitas alegrias.
Alina Castelo Branco 
(13/09/1976)




Companheiro


(75)
Companheiro, bom, leal
é um nome grande
e o significado
representa tudo
pois ser companheiro
é gostar do outro,
é compreendê-lo
é amar a todos
nesse mundo inteiro,
ser sempre fiel,
é não maltratar
e nem ser cruel.
II
Se houvesse um melhor
companheirismo
se todas as pessoas
olhassem a vida
com mais otimismo
e visse o Cristo
no seu irmão
em vez de guerras
sangue e desgraças,
haveria amor
unindo as raças.
Alina Castelo Branco 
(25/08/1976)



Doutor


(109)
Remédio para alma
quem vai receitar?
O doutor do corpo
não enxerga nada,
nada que vai
dentro da minha alma
por esta razão
caríssimo doutor
se eu tratar da alma
não sentirei dor.
Alina Castelo Branco 
(10/03/1977)




Vingança


(107)
Não há prazer
em se vê a dor
no próprio inimigo;
não há razão
para se querer
ver alguém sofrer.

Na vingança
não há sabor,
quando alguém sofre,
mesmo o inimigo
com a sua dor,
o melhor remédio
é o seu perdão
bálsamo que alivia
qualquer coração.
Alina Castelo Branco 
(8/20/1978) 



Pensar


(105)
Pensar que a poesia
um dia vai acabar
é bobagem tremenda
é não saber bem pensar,
porque enquanto houver
no mundo a alegria,
houver flores nos jardins
e dentro d’alma, fantasia,
haverá no mundo, luz,
e muito amor...
E poesia.
Alina Castelo Branco 
(27/05/1977)

Dia Nublado


(82)
Dia nublado, frio e triste
dia sem sol, sem chuva, sem calor
onde não há grandes alegrias
e nem também grande dor.

É um dia neutro, um dia a mais
que passa tranquilo, suavizando
trazendo paz até demais
para quem na vida vive vibrando.

Às vezes é bom um dia assim
pra se aproveitar e analisar
toda nossa vida, enfim;

num dia nublado dá pra raciocinar
o que fizemos de bom até o momento
e o que temos de fazer pra melhorar.
Alina Castelo Branco
(13/09/1976) 





Segredo


(72)
I
Será que existe
no mundo segredo?
Não acredito,
digo e escrevo;
ninguém consegue
calar bem dentro
e sempre solta,
bate com a língua
pois não aguenta
a ficar sozinha
com aquela coisa
a incomodar
pesando na alma,
desfaz-se dela
pra manter a calma
e joga adiante
o que se passou,
o que ouviu,
o que pesou
e assim fazendo
vai aliviando
e de si tirando
a perturbação
só não imagina
que o vento leva
longe, bem pra longe,
tudo o que se fala
e vai formando um eco
essa voz medonha
vai sempre aumentando
e faz com que a gente
fique mais tristonha.
II
Porque não saber
um segredo guardar
e em vez de ajudar
a si e os outros,
fala-se tudo
fala-se de todos
e o vento sai
por aí a levar
as dores alheias
soltas pelo ar!
Alina Castelo Branco 
(12/07/1976)