sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Mãos


(289)
Mãos para orar
e rodar o terço
para levantar
e aos céus pedir
fazendo uma prece
pela humanidade
para que no mundo
haja mais paz
e felicidade;

mãos para segurar
o filho pequenino
para embalar
e lhe dar carinho
para enxugar
a lágrima que corre
da face do filho
quando ele sofre;

mãos que colhem
flores no jardim
para as grandes noivas
ou o eterno fim;

mãos para ajudar
o outro a viver
e para tirá-lo
da sua angústia
e do seu sofrer;

mãos que dão comida
a todos os animais
que saciam a fome
dessas criaturas
irracionais;

mãos que unidas
a outras tantas mãos
deviam andar juntas
bem abraçadas
sempre, pela vida
como bons irmãos.

Alina Castelo Branco 
(28/12/1976) 






Escravidão


(298)
A escravidão já não existe
as correntes acabaram
e o tronco também
será que os homens
são livres
independentes
totalmente?

Não existe correntes
nem chicotes
nem senhores
nem troncos
nem dores
mas em volta
em todos nós
algo vai apertando
machucando
sufocando
e de vez em quando
vai até matando.
Alina Castelo Branco 
(07/01/1977) 


Fingimento-2


(317)
Dia claro tão bonito
o movimento
é muito grande.
Lá na rua
barulheira de automóveis
a rodar
mil buzinas
a tocar?
Gente vai
e gente vem
cada um a sufocar
dentro d’alma
um desgosto
mas quem diz
se olharmos
as pessoas
só no rosto?

Dia claro tão bonito
tudo roda
tudo gira
e se mexe
com energia
e quem vê
tanta alegria
nesse povo
descontente
de sofrer e de chorar
fica até
vezes a cismar:
como é grande
o ser humano
como cabe dentro dele
tanta dor
e desengano
como e como?
Alina Castelo Branco 
(26/01/1977)


Fingimento


(94)
Se você me vê,
brincando, sorrindo,
tentando esquecer;
se você me vê
alegre, andando,
até conversando,
tentando esquecer;
se você me vê
circulando, agindo,
comprando, estudando,
até ensinando
os outros a ler,
não se iluda
com tudo o que vê,
algo seriíssimo
estou a esconder,
pois a dor eu sinto
é grande demais
e nesta vida
não vai passar.
não me pergunte
que dor é essa
que não vai passar,
pois não vou dizer,
quero esquecer,
não quero chorar.
a dor é minha
mui particular!...
Alina Castelo Branco
(14/07/2002)




Guerra Antiga


(520)
Há uma guerra
entre nora e sogra
faz muitos anos
já não é de agora.
A moça vem
o filho leva
ainda acha pouco
que ele vá com ela.
E a guerra vai
de mal a pior
vai a moça lutando
sempre, sem ter dó.
A nora não tem si quer
outra preocupação
vencer a guerra
com a sogra, então.
O desejo da nora
não é só casar
é o filho da mãe,
conseguir afastar.
É muito engraçado
ver uma qualquer
querer desligar
o que Deus não quer.
Essa guerra tola
vai muito durar
enquanto houver mulher
que não saiba amar.
Se quer ter um marido
sempre em seu caminho
trate bem a sogra
com muito carinho.
Já vi muita gente
perder seu amor
por tratar a sogra
com muito rancor.
Por pior que seja
o filho da gente
ver sua mãe maltratada
bem, ele não se sente.
E depois no final
quando o filho deixa
a sua esposa
ela ainda se queixa.
Nenhuma mãe
ficará feliz
ao saber que seu filho
é muito infeliz.
Colocar um filho
com amor no mundo
e ver uma mulher traí-lo,
é desgosto profundo.
A maioria hoje
de toda mulher
só visa dinheiro
de um homem, qualquer.
A mulher que ama,
verdadeiramente;
é tolerante
e não intransigente.
É uma maldade
querer afastar;
e muito egoísmo
sem limite, sem par.
Em lugar nenhum
isso não é amor;
isso é infernar,
é gerar rancor.
Por que não viver
todos em paz
nora e sogra?
faz bem pro rapaz!
A corda estica
nesse vai e não vai
e o aproveitador
dá um bye bye!
Cumpra a esposa
sua obrigação
e deixe a sogra em paz
com sua vida, então.
Curtir o dia a dia
por conta da sogra;
é tirar o sabor
que a vida tem agora.
Nenhuma mulher
deve ser masoquista;
ame a sua sogra
e seja otimista.
A agressividade
gera infelicidade;
é perca de tempo
é inutilidade.
Saia da rotina
vá longe passear;
passe pelo menos, um dia
sem na sogra, pensar.
Tanta coisa bonita
na vida pra se ver
porque não aproveitar
e tempo não perder.
Como sua sogra
você também tem
muitos defeitos
pra corrigir, também!
Em vez de tentar
os outros mudar;
conserte seus defeitos
tente modificar.
Você que é mais jovem,
é mais inteligente,
é mais evoluída
viva na esportiva.
Use a sua mente
pra não se esquecer
que sua sogra, é gente,
merece também viver.
Ela por ser velha
ainda não morreu;
será que tudo isso
você já esqueceu?
Se você é jovem
e tem um lar
tem um bom marido
pra que se amolar?
Como uma mulher
que tem tudo isso
vive a lamentar-se?
É falta de juízo!...
No final de tudo
vem a ficar só
ainda culpa a sogra!
É de fazer dó!
Na época de hoje
não saber viver
em plena evolução
isso é que é morrer.
Dentro da época
da, comunicação;
brigar, com a sogra
não é evolução!
Alina Castelo Branco
(08/07/1976) 




Variações


(558)
Às vezes, um rio; às vezes mar! 
No silêncio da minha alma
vendo o presente
acho razões para sorrir
acho motivos para chorar
acho forças para sentir
toda a verdade da minha vida;
intensa, forte, controvertida;
às vezes mansa
calma demais como as águas
de um longo rio;
às vezes brava tumultuada,
até voraz como as ondas bravas
e gigantescas do grande mar.
O importante é que vivo
dia após dia
aproveitando todos os minutos
sem desperdiçar
que seja envolvida
nas águas tranquilas
de um grande rio
ou mesmo abatida
por grandes marolas em alto mar!
Às vezes, um rio; às vezes mar!
Alina Castelo Branco 
(12/11/1978)




Nossa Vida


(560)
Sem a nossa lida
e nossa ilusão
o que seria a vida
nessa confusão?

É a lei da vida;
é a agitação
é o dia a dia
é o trabalho irmão.

Você já pensou
se não houvesse isso,
já imaginou?

Seria uma vida fútil
sem trabalho, sem luta,
enfim, uma vida inútil.

Alina Castelo Branco
(24/06/1976) 

Sempre Dinheiro


(561)
Nem sempre na vida
somente o dinheiro
resolve as soluções
do mundo inteiro.

Muito, acertadamente,
todo o mundo diz
que não é o dinheiro
que faz ninguém feliz.

O que porém acontece
nessa vida, infelizmente,
ao que me parece;

é que sempre vivemos
lutando por ele,
senão perecemos.

Alina Castelo Branco 
(13/07/1976)


Fazer Soneto


(563)
Fazer soneto
é maravilhoso;
é alguma coisa
de saboroso.

É um desejo
espetacular
que todo o poeta
vive a sonhar.

As coisas difíceis
na nossa vida
têm mais sabor;

tornam-se possíveis
se tivermos para elas
muito mais amor.
Alina Castelo Branco
(13/07/1976)

Seria Terrível!


(567)
Se não existisse
no mundo, escritores
e tantos poetas
só haveria dores.

Apesar de no mundo haver
milhões de sofrimentos;
com lindas poesias,
tira-se tudo por menos.

Os grandes escritores
na vida, em suas celas
colorem suas dores;

assim como os pintores
pincelando as telas
com belíssimas cores.
Alina Castelo Branco
(23/07/1976)