terça-feira, 7 de outubro de 2014

Sonhar


(130)
Eu tenho um sonho
e vou, realizar,
pode até não está perto,
muito longe, não está.

Sonhar só faz bem
nunca, nunca faz mal.
O meu sonho lindo
nunca me faz mal.

Sabe qual é
este sonho lindo
que vivo a sonhar?

É publicar meu livro
cheio de poemas
e lembranças guardar.
Alina Castelo Branco 
(01/09/2002 às 8:30 horas) 



Nós Dois


(69)
Vai muito longe
que eu o conheci
ainda me lembro;
você era jovem
era bonito,
era feliz
e de mãos dadas
iniciamos a nossa estrada.
Hoje recordo,
E não sinto nada.
II
É o que ficou
daquele sonho
daquele amor
de tudo aquilo
que começou?
Tudo acabado
não ficou nada
nada restou!...
Alina Castelo Branco
(26/05/1976)



Adão de Hoje


(414)
Elogiar o homem não deveria
mas não posso negar o seu valor
a sua força coragem, prepotência
só não aguentam, mesmo a dor.

Qual a mulher que do homem falaria
lembrando seu pai, seu filho e seu irmão
falar mal de homem é covardia
embora uns não tenham coração.

Quem não tem orgulho do seu filho
forte, jovem, valente, decidido
ó Deus é pecado sentir orgulho
perdoa-me o entusiasmo que tenho tido.

Olhar o passado, meu pai lembrar
firme, severo, bom até demais
como posso falar mal dos homens
se o meu pai sempre me deu paz.

Se há homens maus na natureza
nem todos são iguais, não é assim?
Há na vida tamanha beleza
que a gente esquece o que é ruim.

Vamos olhar e muito admirar
os homens bons de responsabilidade
suas ações vamos valorizar
eles nos trazem a felicidade.

Se nada falei sobre o irmão
é porque na vida tive um
mas Deus o levou pequenininho
não sofro por isso de modo algum.

Acredite entretanto, eu gostaria
de ter tido ao meu lado um irmão
como eu o amaria e ajudaria
seria uma nova e bela reação.

Cabe a nós mulheres incentivar
e ajudar o homem nessa vida
para que possa a luta enfrentar
com mais coragem, força e alegria.
Alina Castelo Branco. 
(29/09/1976) 


Recife


(407)
Em Recife, morei
duas vezes 
e cada vez
que lá voltava
naquela terra
linda e abençoada 
Deus me dava 
mais uma filha 
para alegrar 
meus anos de vida 
e me acompanhar 
pela minha estrada. 

Tenho duas filhas 
pernambucanas 
todas duas 
são muito bonitas 
e muito bacanas!
Alina Castelo Branco
(23/09/1976) 



A Jangada


(406)
Ver uma jangada
na areia parada
e um jangadeiro
de cintura pra cima
com as costas nuas
tão bronzeado
pelo sol escaldantes
daquele Ceará
que deixei há anos
fico a me perguntar
com muita saudade
o que é feito
daquela terra
daquela gente
o que será
que há por lá?
Em Fortaleza
meu filho nasceu
onde fui feliz
onde passei
uma porção de tempo
onde encontrei
tanta gente amiga
foram bons anos
da minha vida!...
Alina Castelo Branco 
(23/09/1976) 


Poemas ou Sonetos


(420)
Por que faço
mais poemas
do que sonetos
por que escrevo
o que não desejo?
Desejo sempre
fazer sonetos
no entanto
faço poemas
às vezes trovas
e nunca escrevo
na mesma hora
o que eu quero
como almejo, agora.

Ser poeta
é algo assim
maravilhoso
não se governa
a imaginação
e nem se controla
nossas ideias
e nosso coração.
Será que existe
força,divina
dentro do poeta?
Será que existe
uma luz a mais
que vem de cima
e penetra demais
iluminando tudo
irradiando ideias
transmitindo o puro
tudo que é correto
alheio a vontade
do próprio escritor
quer seja em prosa
ou em sonetos
existe essa luz
em cada autor?

Cantar o amor
cantar a dor
é tão sublime
é espantoso
é indecifrável
é misterioso
mas é divino
é luminoso!...
Alina Castelo Branco 
(02/10/1976)



Onde Estas?


(409)
Como tu és, onde estás?
Deus! As vezes fico pensando
será que é no ar que se move
ou quando estamos amando?

Será que estás nas palhoças
até debaixo das pontes
aonde dormem crianças
às vezes mortas de fome?

Será que não, merecemos
vê-lo, senti-lo, tocá-lo
juntar as nossas mãos, ao menos
ou só precisamos amá-lo?

Será que estás nas mansões
dos ricos e portentosos
que esquecem seus corações
e se tornam orgulhosos?

Será que estás no mar
no oceano profundo
vendo todas as belezas
que há lá dentro, no fundo?

Será que estás no espaço
com os pássaros voando
cortando veloz, o caminho
e com eles, conversando?

Será que estás com o vento
que sopra leve e brejeiro
ou será com o furacão
que destrói o mundo inteiro?

Será que estás na lua
com  a sua claridade
iluminando a terra
trazendo felicidade?

Será que estás nas flores
lindas, perfumadas, coloridas
que enfeitam nossos altares
e também as despedidas?

Será que estás presente
quando amamos e ajudando
a nossa mão estendemos
a quem está precisando?

Quando ajudamos a alguém
quando uma lágrima enxugamos
quando uma palavra amiga
ao nosso irmão dedicamos?

Ó Deus, você está presente
é a você que amamos
á a você que fazemos
é a você que falamos
é a você que ajudamos
é em você que tocamos!
Alina Castelo Branco 
(24/09/1976) 



Perpetuando


(353)
Quando me lembro
de minha mãe
não sinto tristeza
por ela não
e sim por mim;
foi tão difícil
viver sem ela
sozinha, enfim
sem nem poder
ter o prazer
de vê-la velhinha
e poder pagar
e retribuir
tudo que um dia
ela fez por mim
que me deu a vida
essa coisa linda;
se não fosse ela
rasgar o véu
que me separava
daqui da terra
direitos não teria
de lutar na vida
como tenho tido
pra ganhar o céu
por Deus prometido.

Descanse tranquila
minha mãe querida
aonde estiver;
você foi feliz
saiu desse mundo
cheio de mistérios
e desilusões
pra viver apenas
nos três corações
que você deixou
que a reconhecem
que não a esquecem
e a prova disso
é que a lembrança
bela e suave
em reconhecimento
se perpetuou
e parece até
com o correr dos tempos
ela triplicou.
Alina Castelo Branco 
(26/08/1976) 


O Rio


(348)
Água parada
ou mesmo correndo
muito calma
suave e tranquila
é muito bonita
não nego isso,
pois tudo na vida
tem uma razão
não há sobre a terra,
nada que não tenha
uma explicação.
Não sei a razão
porque não gosto
e não vibro tanto
com o rio, não.
Aquele córrego
sereno e manso
não coincide muito
com o meu temperamento
que é vibrante
apesar talvez,
de não aparentar.
Gosto do que é forte
e o que faz vibrar.
Alina Castelo Branco 
(25/08/1976)



Por Que?


(346)
Não sei porque
o mar me atrai
pelo seu volume
por sua beleza
pelo seu poder
sobrenatural
que me enfeitiça
e me escraviza.
Para se ter ideia
da admiração
que tenho pelo mar
só lhe diria
que se eu não tivesse
tanta obrigação
e se conseguisse
o poder na mão
o mar seria meu
e lutaria por essa questão
só para ficar
sozinha na praia
vendo e olhando 
tamanha beleza
imaginando
tanta profundeza;
e a absorver
suas vibrações
e a prescutar
as interrogações.
Talvez quem sabe
de tanto observar
um dia os seus mistérios
iria desvendar.
Alina Castelo Branco 
(25/08/1976) 


Otimismo


(343)
É caretice fazer poesias?
Ninguém me diga
essa idiotice
porque no mundo
onde os sonetos
e os poemas
são o ponto alto
de algumas pessoas
que vivem contentes
sem ter neuroses
traumas, conflitos
e vivem com ideias
bem conscientes
apenas olham
o lado bom
que tem a vida
e enfrentam a luta
com mais prazer
e galhardia
aliviar o sofrer
fazendo versos
não é caretice
nem quadradismo;
fazer poesia
apesar de tudo
mesmo hoje em dia
é olhar a vida
com mais otimismo.
Alina Castelo Branco 
(24/08/1976)



As Coisas do Céu


(339)
Se eu entendesse
das coisas do céu
como entendo
do sofrimento
que avassala a terra
e arrasa criaturas
deixando-as sem roupas
quase nuas
e na sua nudez
apavoradas e desamparadas
sem onde cair
e sem ter
o que vestir
para acabar
com frio cortante
que penetra n’alma
e como maltrata
e é desconfortante;
se eu entendesse
das coisas do céu
então construiria
um grande balão
e colocaria
toda essa gente
e voava longe
procurando Deus
e o seu coração.

Quando eu estivesse
junto com aqueles
que sofrem muito
sem poder dar jeito
talvez quem sabe
dentro do céu
e do coração
imenso majestoso
de Deus grandioso
sentir-me-ia bem,
vendo toda a gente
ser feliz também.
Alina Castelo Branco 
(23/08/1976) 



Ilusão


(323)
Este mundo é uma miragem
que vemos constantemente
de acordo com nós mesmos
e também com o que queremos;
às vezes tem colorido
às vezes é branco e preto
esse mundo é uma miragem
que às vezes, temos direitos;
o direito de sonhar
e de ter muita ilusão
a fome de desejar
a fome do coração
faz com que a gente veja
tudo aquilo que deseja
e só pra nos consolar
a nossa mente constrói
belas miragens coloridas
para a vida suportar
com amor e alegria.

Pra que chutar a ilusão
que nasce de vez em quando
e parte do coração
da mente que está amando;
pra que tentar acabar
com essa imagem bonita
que às vezes a vida nos dá
pra suster a alma aflita;
ilusão é o que alimenta
o ser humano sofrido
conduzindo-o, lentamente,
passo a passo ao infinito.
Alina Castelo Branco 
(28/01/1977)