quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Toró


(234)
Caiu um toró na minha vida
uma chuva forte
um temporal
desceu uma avalanche
de muitas toneladas
que me derrubou
e me arrasou afinal.
Depois de tudo
já obrigada
debaixo de um teto
já protegida
e recuperada;
nesse abrigo
que há sete anos
dentro dele, vivo
para esperar 
que esse toró
venha a passar
estou aguardando
pacientemente
estou lutando 
com unhas e dentes.

A chuva foi grossa
muito mais grossa
do que eu a via;
quase acabou
com a minha fé
e minha alegria;
aqui estou eu
mais firme que nunca
e a minha fé
que enfraqueceu;
a minha alegria 
que tinha sumido
com medo do tempo
que tinha virado
e se enfurecido;
essa fé cresceu
e triplicou
me ajudou a vencer
e nunca mais
nunca mais
alegria faltou.
Alina Castelo Branco
(29/10/1976)



Revolta


(450)
I
Se você tem mãe, tem tudo;
você é feliz, eu lhe garanto
porque é triste anoitecer
sem ter um beijo
nem um carinho
sem ter o prazer
de ver o rosto
daquela amiga
que dia e noite
zela contente, 
pelos seus filhos.
II
Eu falo assim
por não a ter;
é diferente, é um vazio,
vazio imenso,
que sinto sempre
mas eu confesso
que bem entendo.
III
Às vezes vejo
muitas pessoas
chutando as mães;
fico pensando
como é engraçado
o ser humano!
Mãe só é uma,
o mais se pode
ter à vontade
e  entretanto
essas pessoas
às vezes esquecem
desse detalhe tão importante
e vão em frente
os filhos maus
mordendo mão
e magoando o ente
que lhes deu o pão
e o seus sustentos
para crescerem fortes, 
instruídos e independentes.

IV
Uma vez já feitos
pra vencer na vida,
pra que serve a mãe?
Vamos jogar fora,
ela só atrapalha,
já está velhinha,
pra que serve agora
só pra dar trabalho?
Pra gastar dinheiro?
Pra roubar o tempo?
Pra dizer besteiras?...
V
Só não se recordam
que ela tem no peito
um coração pulsando
que ama, que sofre
que vive chorando
por aquele filho
que é tão perverso,
que é tão ingrato
mas que é seu filho
carne da sua carne,
sangue do seu sangue
vida da sua vida. 
VI
Se eu tivesse mãe,
não teria coragem
para magoá-la;
a pior qualidade
de qualquer pessoa
é ela ser ingrata;
não iria esquecer
que recebi a vida
daquele grande ser
e mesmo um dia
quando já velhinha
doente, irritada
e muito cansada,
saberia entender
que a máquina humana
também se acaba,
mas dentro dela
tem um coração
que ainda bate.
VII
É muito triste
por vê-la sumindo
vendo uma vida, se extinguindo
eu a ampararia
e a cobriria
com o meu carinho,
aquela amiga
que pra mim foi tudo
que tanto me amou
para que eu pudesse
ser mãe um dia
e ter dos meus filhos
muito carinho,
muita ternura
e muito amor!
Alina Castelo Branco 
(01/06/1976)



terça-feira, 23 de setembro de 2014

Canta Alto!


(222)
Canta tão alto
o bentevi
toda manhã
logo cedinho
acorda a todos
que estão dormindo
e põe-se depois
bem quietinho
na árvore grande
que fica em frente
aonde vivo
aonde idealizo
e concretizo
meus pensamentos
e pela família
parentes e amigos
procuro rezar
em todos os momentos.
Alina Castelo Branco
(28/10/1976)



Ah, Se Eu Entendesse...


(136)
Como entendo hoje,
se eu entendesse ontem,
das coisas de Deus,
das suas leis,
das suas misericórdias,
há muito tempo
que teria feito
o meu pedido de desculpas,
pois Deus é bom,
grande , majestoso,
e eu, sou nada
dentro de uma casca
fraca, emprestada,
mas ainda assim
querendo crescer
pra chegar a ELE
e agradecer.
Alina Castelo Branco
(27/11/1979)


Jesus


(134)
Se no meu caminho
você não tivesse,
se eu não tivesse
no caminho seu;
se você não fosse
meu grande pai
eu não fosse
sua humilde filha,
o que seria de mim
meu pai querido,
num mundo louco
e tão contraditório
onde não se sabe
mais o que fazer,
onde o certo e o errado
andam de mãos dadas
e se você é certo,
sofre muito mais
onde vemos coisas
que nos arrepia
e faz tanto mal.

Mas como você
é filho do mesmo pai
e portanto é meu irmão
que ajuda, que protege
e nas horas mais difíceis
enxuga as nossas lágrimas
com tanta suavidade
que a gente nem percebe
mas fica aliviada.

O que seria de mim
se não o conhecesse
tão perto e há anos
recebendo sempre, sempre,
através do seu silêncio
tranquilo e confortador
o seu passe invisível
que retira tanta dor?...
Alina Castelo Branco 
(Setembro de 2001 às 7:10 horas).


Barreira



(119)

Quando releio os versos
de poetisas famosas,
tenho até vergonha
de todas as minhas trovas.

É tão fácil pra gente
que só está começando;
entrar no mundo dos versos
é bom se ir preparando.

Mas o pior dessa transa
é a barreira constante
é o desmanchar de uma trança.

Porque pro poeta novo
vencer toda essa barreira
é algo maravilhoso!
Alina Castelo Branco
(29/07/1976)



Bons Amigos



(100)

De repente
mil estradas
mil caminhos
que abertura!...

De repente
nova luz
grande, imensa
clareando
a solidão,
alertando meus sentidos,
conduzindo-me
os horizontes
tão diversos
não imaginados
até irrefletidos...

De repente
coisa estranha
acontece comigo
neste mundo
cheios de estradas
encontro algo:
bons amigos.

Alina Castelo Branco
(31/01/1980)