terça-feira, 7 de abril de 2015

Valor


(925)
Uma pedra
uma rua
uma criança
tão pura;
uma alma,
um riacho
roupa fervendo
no tacho;
uma casa
um coqueiro
gente vibrando
no mundo inteiro;
o luar
o calor
um amigo
uma flor;
uma jangada
entrando no mar
e as criaturas
sempre a mar;
a saudade
um vazio
um capricho
um desafio;
um olhar
de felicidade
a companheirismo
a lealdade;
uma lágrima
uma dor
tudo na vida
tem seu valor!...
Alina Castelo Branco 
(07/03/1977)




Seu Olhar


(927)
Se eu para viver
dependesse dessa luz;
preferiria morrer
deixar a minha cruz
e assim mesmo sem luz
na escuridão, penetrar;
seu olhar
maldito olhar
só me constrange
e me faz mal
lembra coisas do passado
que me ferem
e me maltratam
que matam
aos poucos
aos bocadinhos
e destroem
tudo, tudinho;
seu olhar é um punhal
cortando
rasgando a carne
ferindo e dilacerando
com frieza
e muita calma
como é
como será
a podridão
da sua alma.
Alina Castelo Branco
(07/03/1977)



Sorrindo


(928)
Estou a sorrir
hoje, estou bem
mesmo sem amor
sem ter um bem;
acho até graça
quando me perguntam
se eu vivo só
sorrio sempre
sinto uma pena
de fazer dó;
pois para mim
com tanta gente
a me rodear
e dentro do meu teto
que me abriga
com os meus filhos
a conversar;
vendo um mundo
forte e imenso
tumultuado
e ao mesmo tempo
inconseqüente
gente correndo
gente andando
gente sofrendo
gente chorando
não poderia
viver sozinha
pois acompanho,
diariamente, toda essa gente
com minha alma
e minha gente.
II
E todo aquele
que se sentir
abandonado
em vez de triste
e amargurado
ponha-se em campo
ajude os outros
e sentir-se-á
aliviado
pois solidão
é a inércia
é o comodismo
é o egoísmo
é a inutilidade;
pule pra fora
da sua casa
vá praticar
a caridade;
junto com os outros
entrelaçando
alegria e dores
eliminando
toda solidão
e dissabores;
se Cristo vive
em cada um
estando com todos
estamos com Ele
não tenho razão?
Por que lamentar,
por que não lutar
contra a solidão?...
Alina Castelo Branco
(08/03/1977)



O que não veio...


(939)
Aquele filho querido
que não veio
e que deveria ter vindo
provoca, quando me lembro
uma saudade infinda
pois eu já gostava dele
mesmo até sem conhecê-lo
e já imaginava
com as sua traquinagens
e todos os seus trejeitos;
devia é ter sido lindo
pois ia ser o primeiro
ia ser mais um de Deus
a vagar por este mundo
a caminhar pela trilha
do que é certo e profundo;
não sei porque desistiu
desistiu de ser meu filho
desistiu de me ajudar
desistiu de ser amigo
desistiu de me amar
e por que?
Só Deus sabe responder
pois só Ele sabe tudo
e conduz nosso viver.

Daquele filho querido
que não veio
mas deveria ter vindo
guardo sempre
bem guardado
um amor
um grande amor
infindo!...
Alina Castelo Branco
(23/03/1977)
(Dedicada ao meu primeiro filho)





sexta-feira, 3 de abril de 2015

Páscoa


(944)
Hoje, estamos tristes
estamos na quaresma
com pena de Cristo
dos seus sofrimentos
lembrando o passado
e os seus momentos;
daqui a uns dias
é dia de festa
e sabemos porque:
Jesus tão querido
que por nós morreu
vai ser relembrado
com todas as honras;
e no dia da Páscoa
vamos comemorar
sua ressurreição;
quanta alegria
e amor redobrado;
quanta fé crescida
e esperança aumentada
e no dia da festa
da ressurreição
é dia de festa
pra todo cristão.
Que o mundo inteiro
se encha de paz;
estamos precisando
dela, até demais!...
Alina Castelo Branco

(01/04/1977)

Aventureira


(365)

Você que gosta
de se divertir
mudar de vida 
mudar de homem 
tê-los demais 
pra experimentar 
todas as emoções 
ditas, sexuais 
cuidado mesmo 
com o desvario 
que arrasta tudo 
quebra o respeito 
e a decência 
que existe sempre 
nas criaturas; 
tudo o que se faz 
em demasia 
com exagero 
sem controle enfim 
não dá em nada 
apenas choca 
decepciona e deprime 
cria torturas 
também um clima 
tão assustador 
pois esse tipo 
de vida errada 
não eleva 
não ensina 
não constrói nada 
e cada vez 
que você vive, 
exclusivamente, 
em função do sexo 
na sua mente 
há uma regressão 
e sem querer 
você vai descendo 
vai se afundando 
vai penetrando 
mais na escuridão. 

Sexo gente
é uma função
física e orgânica
que funciona 
para se ter mais valor 
junto ao coração 
com muito amor 
e não sendo assim 
é podridão 
é descer demais 
é cair no chão. 
Alina Castelo Branco
(02/09/1976) 

Cantinho das Rosas


(945)
Plumagens coloridas
de noite esvoaçando
lingeries lindíssimas
enfeitando as camas;
mulheres pintadas
espalhando amores
e nos seus devaneios
destruindo lares
e plantando dores;
e em cada noite
de sonhos e bebidas
exaustas, maltratadas
com as almas feridas
esmagadas, destruídas
pela vendagem dos corpos
pela hipocrisia da vida
essas mulheres sofridas
marcadas
dilaceradas
exploradas
dia após dia
vivem num lugar
com um nome
tão bonito
destruindo a moral
enlameando o amor
que é grande
e tão profundo
enganando a si mesmas
vivem à parte
essas mulheres
vivem apenas
no seu mundo.
Alina Castelo Branco 
(01/04/1977)