Adolescência

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Sinto grande saudades

dos meus momentos

vezes, pequenos

de felicidade;

dos grandes dias

da minha vida

na juventude

onde a alegria

rondava tudo

e eu me sentia

muito faceira

parecia a dona

da terra inteira.

Já vai muito longe

esse tempo bom;

não é que hoje

ache a vida muito ruim;

pelo contrário:

hoje, madura e consciente

é que vivo

bem, realmente,

pois quando vai

nossa ilusão encantadora,

mas muitas vezes enganadora,

fica na alma amadurecida

uma realidade

bem mais calma

bem mais querida

pois a vida

sendo encarada

como ela é

não traz problemas

nem desenganos

para nossa fé.

Com a adolescência

a desaparecer,

e conseqüentemente,

a nossa ilusão,

resplandecente;

uma nova chama

vem surgindo

devagarinho

iluminando

uma nova estrada

um novo caminho.

Hoje ao lembrar

minha adolescência;

faço sem chorar

sem lamentar

da minha existência;

o bom da vida

é aproveitar

é poder viver

com muita alegria

todos os momentos

todas as faixas

com gargalhadas;

como eu poderia

não me sentir bem

e muito feliz

se fiz o meu lar

como sempre quis

como desejei e idealizei

e por ele sempre

sempre então lutei;

tenho cinco filhos,

já três netinhas

para alegrar-me;

como é que posso

viver a chorar,

a lamentar

e reclamar da vida

se aproveitei

e dela tirei

as coisas mais belas

que devia dar

e que já me deu

que saberei manter

pelos dias meus?

Alina Castelo Branco 

(25/07/1976)