quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Revivendo


(76)
Não sou muito
de sentir saudade,
sou de relevar
e me desprender
das coisas que passam
no longo da vida,
e do meu viver
mas quando me lembro
sempre de saudade
lembro-me dos tempos
que era criança
e por Deus, feliz,
não entendia nada,
e despreocupada
vivia a sorrir
vendo um gigante
bem à minha frente
que é esse mundo imenso
com um poder vibrante
que assombra a gente;
eu miudinha
sem muito entender
mesmo assim
não temia nada
pois acontecesse
o que acontecer
tinha o meu pai
pra me defender.
Eita! Tempo bom
que não volta mais
já perdi o esteio
que me sustentava
há anos atrás
e hoje acho graça,
fico a sorrir
vendo nos meus filhos
a coisa repetir
só que agora a coisa mudou,
virou a situação
o mundo é o gigante,
meus filhos a olhar
e a se apavorarem
a se apoiarem em mim
eu a protegê-los
e a defendê-los
do gigante, enfim!
II
Hoje, analiso
o meu pai querido
e me pergunto
se ele queria
ter algum esteio
para se apoiar
no seu dia a dia;
fico imaginando
suas fraquezas,
sua dor secreta,
pois aparentar
ser sempre, forte
para apoio dar
e uma família
poder sustenta
não é fácil, não
posso garantir
nem quero lembrar
e nem reviver
o desencanto dele
e todo o seu sofrer!...
Alina Castelo Branco
(26/08/1976)




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